sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A visita.

Ainda deitada, coberta pela escuridão, ela rezava para que tivesse sido apenas um sonho. Mas de nada adiantariam as suas preces, pois o ruído que a tinha acordado provou ser bem real. Definitivamente, estava mais alguém no apartamento. Sentindo o coração disparar, Jane levantou-se e, devagar pela casa escura, foi até a sala. O grito foi engolido e a respiração suspensa quando ela se deparou com a inusitada e assustadora cena. Sobre o sofá, iluminada apenas pela luz da lua, estava uma figura encolhida, totalmente envolta na colcha que costumava cobrir este mesmo sofá. Aquela pequena e desconhecida criatura tremia muito, respirava de forma sôfrega e soltava uns suspiros agudos, num arrepiante lamento. Jane ainda perguntou quem era, mas isto só fez a criatura tremer ainda mais, como num calafrio. A dona da casa pensou em correr, em acender a luz, mas não fez nada disso. Avançou lentamente, vacilante, sem desviar os olhos. Com o corpo afastado, aproximou apenas a mão e logo se arrependeu. Uma outra mão, esta enrugada e com longos dedos tortos, surgiu da colcha e segurou com força o braço de Jane que, num forte puxão, livrou-se e fugiu. Enquanto corria, ainda teve a impressão de ouvir gargalhadas atrás de si. Desde esta noite, Jane vive atormentada por uma dúvida baseada numa certeza. Quando será a próxima visita?

Um comentário:

Paulo Stenzel disse...

"A visita" foi escrito ao som de "Coral Fang" - The Distillers.