quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O homem que tudo confessava.

Ninguém ficou surpreso quando, apressado, Alfredo chegou para assumir as culpas por um violento crime. Aquele homenzinho franzino, meio gago e cheio de tiques já era figura folclórica para a polícia da cidade. Bastava que um assassinato fosse noticiado e lá aparecia ele para confessar, sempre alegando os motivos mais absurdos: "era muito feio", "estava mal vestida", "fazia um ruído irritante quando comia". Ninguém levava Alfredo realmente a sério. Ouviam os seus depoimentos meio por obrigação, meio por diversão. Mas quem realmente se divertia com estas confissões era o próprio confessor. Dono de talentos inimagináveis e de uma inteligência invejável, Alfredo sabia que estaria mais livre quanto mais o subestimassem. Por isso, continuaria confessando tudo de uma forma tão absurdamente sincera que, mesmo com todas as evidências, nunca ninguém acreditaria nos seus crimes. Além disso, ele adorava o café da delegacia.

Um comentário:

Paulo Stenzel disse...

"O homem que tudo confessava" foi escrito ao som de "Cannonball" - The Victorian English Gentleman's Club