sexta-feira, 16 de maio de 2008

Vida esvaída.

Naquela tarde amena de outono, nada explicava o suor abundante de Dionísio. Isto e a vontade constante de urinar. No espelho, ele não reconhecia a própria imagem pálida, cadavérica, com os olhos encovados. Ele não estava chorando, mas as lágrimas escorriam descontroladamente. Mais uma vontade de urinar e, desta vez, o que saiu da uretra foi um sangue espesso. A cena fez com que Dionísio perdesse a última resistência para segurar a náusea. E vomitou muito, até não ter mais o que pôr para fora do estômago. Então, começou a vomitar suco gástrico, bile e suco pancreático. A saliva escorria da boca como se tivessem deixado uma torneira mal fechada. Dionísio sentiu algo quente escorrendo pelas pernas, era uma diarréia incontrolável. A ansiedade transformou-se em desespero quando ele viu que o sangue já escorria do nariz, dos ouvidos, dos olhos. Desidratado, Dionísio sentiu uma grande vertigem e caiu quando ia tentar pedir ajuda. E ali ficou, esvaindo-se por todos os orifícios do corpo. Levaria dias até que os bombeiros descobrissem o corpo totalmente seco, alertados por uma vizinha que apenas queria reclamar da umidade que passava para o seu apartamento.

3 comentários:

Paulo Stenzel disse...

"Vida esvaída" foi escrito ao som de "Shit Stroll" - Against Me!

fernando lucas disse...

realmente, basta um parágrafo para se gostar... embora simples, este é um dos melhores.

marcia disse...

Nome sugestivo...Dionísio....para quem viveu como um deus, morre mal comó diabo...eheheh