segunda-feira, 14 de abril de 2008

Nunca olhe debaixo da cama.

Da primeira vez que sentiu o lençol descer ligeiramente, culpou algum movimento involuntário. Mas a segunda vez foi mais forte. Ele encolheu os pés, um pouco assustado, mas logo riu nervosamente. O terceiro movimento da cama não foi um puxar de lençóis, mas uma pancada no colchão. Num movimento quase instintivo, acendeu a luz da mesa de cabeceira. Olhar para o quarto meio claro, meio escuro, foi pior. Pior ainda foi o som de respiração que parecia vir da parte de baixo da cama. O forte puxão que se seguiu fez com que o coração quase lhe saltasse do peito. O suor contrastava com os braços arrepiados. Aquilo tudo só podiam ser armadilhas da mente. Uma pessoa muito cansada pode sofrer de alucinações. Era isso, era só isso, cansaço. Respirou profundamente, segurou-se com força na borda do colchão e olhou debaixo da cama. O grito dele ecoou por todo o edifício. A menos de um palmo de distância da sua cara, o fantasma de uma mulher degolada, deitada numa poça de sangue, também gritava enquanto avançava para ele.

3 comentários:

FRAGA disse...

Que legal, Paulo.
Pequenas histórinhas de horror... hummm, se tivesse tempo gostaria de ilustrar uma o que tu achas?

Paulo Stenzel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Stenzel disse...

O que eu acho de ter um conto meu ilustrado por Gilmar Fraga? Nem sei se mereço. Além de ser uma honra, ainda valorizava muito a historinha. Tá à vontade, Gilmar, claro que eu vou achar ótimo.