sexta-feira, 18 de abril de 2008

Surpresa!

Uma leve brisa foi o que a fez despertar. Enquanto levantava do frio chão, sentiu toda a cabeça latejar. Suspirou, gemeu, esfregou os olhos e, aos poucos, conseguiu habituar-se à pouca luz e descobrir onde estava: no cemitério. Rapidamente, tudo ficou claro. Era a tradicional surpresa de aniversário dos amigos. Ela lembrava de estar no carro e, depois, de acordar ali. Alguém tinha ido longe demais. Ela sentia que estava sendo observada e chegou a ver alguém no final do caminho de pedras. Chamou, mas a pessoa apenas olhou para trás e desapareceu na escuridão. Atrás dela, um homem, com uma garrafa na mão, começou rir. Ela adivinhou que a brincadeira estava prestes a terminar, só não imaginava o quanto. Com o coração acelerado e os passos lentos, foi em direção ao túmulo para onde o homem apontava. Ao chegar perto da lápide, gelou. Ali estava ela numa foto sorridente e com o seu nome por baixo. A data de morte era igual à data de nascimento, mas 27 anos depois. O homem com a garrafa riu mais alto e o grito dela agitou os cães das redondezas. O grito ficaria ainda mais estridente quando ela descobrisse que já não tinha metade do crânio.

2 comentários:

Paulo Stenzel disse...

"Surpresa!" foi escrito ao som de "Rosenrot" - Rammstein

Dilma Presidente disse...

Quando é que você vai transformar seus contos em roteiro e nos brindar com a versão na película ou no palco?