domingo, 7 de junho de 2009

O inusitado encontro de Caio e Augusto.

Quando deixou o seu escritório, no 31º andar, para ir almoçar, Augusto jamais imaginou que conheceria Caio e muito menos as condições que tornariam este encontro inesquecível. Nos subterrâneos da cidade, Caio nunca sonharia que, algum dia, alguém como Augusto poderia alterar o rumo do seu destino. O agente de modelos e o responsável pela manutenção do sistema de esgotos. Viviam em mundos diferentes, porém, dividiam a tendência para alucinações. As visões de Augusto eram resultado do excesso de drogas e de bebidas caras; as de Caio, eram causadas pelo ar contaminado das fétidas galerias onde as únicas companhias eram enormes baratas e despreocupadas ratazanas. A alucinação mais assídua de Caio era a do homem que, elegantemente vestido de preto, ficava a observá-lo do fundo da galeria. E foi com esta aparição que Caio resolveu que era hora de sair para almoçar. Augusto pisou fundo no acelerador do seu Ford Cobra 427. Caio pisou firme no primeiro degrau da ferrugenta escada. Augusto sentiu a carícia do vento; Caio, o ar fresco lambendo o seu rosto, pela última vez. No seu depoimento, o agente de modelos afirmaria que, se havia perdido o controle do carro, era por culpa de um homem de preto que ninguém mais viu. Porém, do inusitado encontro, a imagem que perseguiria Augusto para sempre seria a da cabeça de Caio, sem corpo, rolando pela rua abaixo.

Um comentário:

Paulo Stenzel disse...

"O inusitado encontro de Caio e Augusto" foi escrito ao som de "Velvet" - The Big Pink.