sábado, 11 de outubro de 2008

Larvas.

A faca deslizou suavemente, cortando, sem dificuldade, o macio e suculento bife. Christian levou o primeiro pedaço à boca, mas parou de mastigar imediatamente ao ver algo que saía de dentro da carne. Aproximou o olhar e, com uma ânsia imediata, constatou que se tratava de uma larva. Virou o bife e viu que, afinal, eram centenas, talvez milhares daquelas criaturas. Desde então, Christian encontrava larvas em absolutamente tudo o que ia comer. A sua vida tornou-se numa constante experiência paranóica. Para piorar a situação, além dele, ninguém mais admitia ver aquelas coisinhas nojentas. Foi ao fim de um mês que, atordoado e fraco pela falta de alimentos, Christian acabou sendo internado para ser alimentado através de uma sonda. Amarrado à cama, o paciente passou a sua última noite de vida muito agitado, gritava que larvas estavam entrando no seu corpo através do soro. Não foi sem surpresa que, logo de manhã, a jovem enfermeira, antes de comunicar o óbito, reparou que alguma coisa tentava sair pelo canto do olho do cadáver. Com ajuda de uma pinça, removeu uma pequena larva. Ela achou aquilo um tanto estranho, mas preferiu não comentar o caso com ninguém.

2 comentários:

Paulo Stenzel disse...

"Larvas" foi escrito ao som de "E se depois" - Mão Morta.

(in)confessada disse...

esta arrepiou-me..